Participaram nesta sessão:
Professor Doutor Mendo Casto Henriques
José Salvador Tivane
Júlio César de Magalhães Pereira
Fernando Manuel Marques Apolinário
Bruno José Martins Domingos
Francisco Manuel Narciso
Paulo Alexandre Alves
Rúben Dário
Edgar Paulo Cadir
Carlos Manuel Lopes Rodrigues
João Paulo
A sessão iniciou-se com a leitura, debate e correcção do protocolo da sessão anterior. Terminada a correcção, retomamos o debate do «Insight» de Bernard Lonergan.
Foi dito que o primeiro caso ilustrativo de um acto de intelecção que Lonergan aborda é um episódio da história das ciências. Este episódio é a história de Arquímedes, que saiu correndo nu dos banhos de Siracusa e lançou o seu críptico grito EureKa (descobri)! O rei havia recebido, ao que parece, uma coroa votiva, feita por um ourives talentoso mas de duvidosa idoneidade. Desejava ele saber se a coroa era feita de ouro puro ou se havia sido acrescentado outro metal de baixa qualidade. Apresentaram o problema a Arquímedes que encontrou a solução quando estava a tomar banho: a solução seria pesar a coroa dentro da agua! Nesta ordem encontravam se implícitos os princípios do deslocamento da água e do peso especifico. Para Lonergan, neste caso, não interessam os princípios hidrostáticos mas sim o acto da intelecção. Arquímedes teve a sua intelecção ao pensar na coroa; nós obteremos as nossas intelecções ao pensar em Arquímedes. O que importa reter é que a intelecção(1) chega como uma libertação da tensão do questionamento, (2) acontece súbita e inesperadamente, (3) não ocorre em função de circunstancias externas mas sim de condições internas (4) gira à volta do concreto e do abstracto, e (5) passa a formar parte do talento habitual da nossa mente. Deste modo Lonergan descreve a intelecção enquanto actividade. Para Lonergan o impulso mais espontâneo da tendência humana é a descoberta. A intelecção é sempre uma descoberta, e é também experiência. Ele sublinha ainda importância da atenção do ser humano para fazer descobertas.
Lonergan divide as descobertas em grandes e pequenas. Divide-as também em descobertas da ordem do senso comum, cientificas, filosóficas, e de natureza divina (bem e o mal), estas últimas descobrem-se através da fé
O contexto superior seria constituído (1) pelas estruturas invariantes do experimentar, nível da estrutura empírica; pesquisar, nível da estrutura da inteligência; reflectir, nível da estrutura racional ou a compreensão da compreensão; (2) pelas estruturas consequentes isomorfas de tudo o que existe para ser conhecido no universo do ser proporcionado. O ser, a realidade, tem estruturas isomorfas à consciência. Assim, o ser humano, através da intelecção compreende tudo o que há para ser conhecido. A filosofia é uma meditação, uma transformação do espírito humano que é participante da realidade. O resultado da pesquisa filosófica é a filosofia da consciência, que é descoberta. O ser proporcionado significa, o ser que é proporcionado à razão humana, contudo o uso racional da nossa mente não proporciona a totalidade do ser; (3) pela estrutura invariante mais ampla que acrescenta a escolha e acção razoáveis ao conhecimento inteligível e razoável. Esta já não é uma filosofia de conhecimento ou pensamento mas sim uma filosofia da acção (ética); (4) pela estrutura mais profunda do cognoscente e conhecido, a ser alcançado pelo reconhecimento do significado pleno do desejo independente, desinteressado, e irrestrito de conhecer ou seja, a estrutura mais profunda do ser cognoscido que o une é o desejo de conhecer. E é um desejo de conhecer que não é movido pela curiosidade, não está ao serviço de uma ideologia nem existe para alimentar o «ego» e está relacionado com a liberdade humana para investigar, conhecer e conhecer sempre mais; (5)pela estrutura do processo em que a situação existencial coloca à inteligência humana o problema de se erguer acima dos seus recursos nativos e procurar a solução divina para incapacidade de desenvolvimento sustentado. O ser humano é humano, e é, ao mesmo tempo, convidado a ser mais do que humano, a transcender-se.
Lonergan escreve o Insight como um filosofo em diálogo com a Teologia. E é movido pelo desejo de conhecer através da compreensão da compreensão.
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