Artur Morão
Motivos da aceitação de LOnergan
Várias são, e de diferente peso, as razões para aquiescer ao convite lonerganiano à auto-apropriação pessoal na agitação pulsante do conhecer. Eis algumas:
A actividade cognitiva não surge aí truncada ou diminuída como em tantos outros projectos filosóficos que, na apreciação da nossa natureza intelectual, ou insolente-mente a exaltaram até ao descrédito ou, por demissão metafísica, por turvamento ou "escotose" (I, 191 s.), a desapossaram da sua força original e das suas potencialidades reais.
A abordagem que B. Lonergan faz ao conhecer humano não se deixa guiar por um reducionismo maníaco, como é de norma nos empirismos do século XX ou no traslado filosofante que numerosos cientistas fazem do seu agir inquiridor; não apresenta um hiato epistémico entre o teórico e o prático-moral, ou entre o elemento teórico das ci-ências e a paisagem intelectiva da metafísica, porque sabe que, não obstante a superfí-cie contrastada de cada qual, há também entre elas cumplicidades subterrâneas que marulham aquém do mapa conceptual da consciência discursiva e por trás das enun-ciações expressas à luz do figurino administrativo do saber ou das convenções históricas acerca do ideal científico, sempre mutável, irremissivelmente convencional e dogmático, além de afogado em pressupostos de toda a ordem. O filósofo e teólogo canadiano não esperou pela transformação da epistemologia ou da filosofia da ciência, no último meio século (por acção de K. R. Popper e de muitos outros), para delinear uma notabilíssima visão gnoseológica que, sem ser fim em si mesma, e mostrando grande apreço pelo conhecimento científico, tenta fazer justiça a todos os nossos dizeres quanto ao seu valor cognitivo e em função das suas respectivas metas.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário