terça-feira, 15 de maio de 2007

Algumas notas acerca da visão do mundo como probabilidade emergente

O mundo só pode ser compreendido através do dinamismo da Inteligência Humana, é esta que o compreende e estabelece relações de sentido entre os dispersos dados que lhe são apresentados. Estas relações só serão possíveis se, entre todas as coisas, houver uma unidade, algo de comum. Assim, vamos tentar buscar esta unidade e não a diversidade ou particularidades de cada elemento.
Esta unidade pode ser encontrada na própria noção de desenvolvimento. É comum entre todos os fenómenos do mundo a mudança. Sim, há fases de desenvolvimentos em que uma mudança ocorrida será contrariada por uma nova mudança de modo a restabelecer a situação original. Por exemplo, a constipação é uma mudança ocorrida no nosso organismo que constitui um mal para a sua saúde, então exige-se uma nova mudança de modo a restabelecer a situação de saúde. Neste processo há um desenvolvimento: o corpo fica mais fortalecido depois de vencer aquele determinado "vírus", ou seja, desenvolve-se, evolui, aperfeiçoa-se.
Estes processos de mudança ocorrem naturalmente no Universo, o que supõe uma ordem, uma dinâmica interna que tudo conjuga e pela qual tudo decorre.
Contudo, ao mesmo tempo que se percebe uma ordem, percebe-se uma probabilidade imensa de futuros possíveis, que dependem das circunstâncias externas aos próprios fenómenos. De facto, temos de dar lugar a uma divergência não sistemática, ou seja, ao acaso! Deste modo, está excluída qualquer tentativa de elaborar uma visão determinista do desenvolvimento da própria realidade. Em cada momento, há possibilidades remotas de realização. Isto aplica-se a todos os fenómenos da realidade, bem como ao próprio Homem.
Esta visão do mundo como probabilidade emergente já se encontra, em certo sentido, em Aristóteles, quando distingue necessário e contingente. O necessário é aquilo que, segundo a percepção que o homem tem da realidade, mas que, no fundo, pode não acontecer. O sol nasce todos os dias, nasceu sempre; mas quem nos garante que nascerá amanhã? É muito provável que volte a nascer, mas não é certo. O contingente é aquilo que acontece às vezes.
Mais tarde, Galileu estabelece uma diferença fundamental entre as leis necessárias e a sua aplicação na realidade, aqui estão sujeitas a influências que nunca estão completamente contempladas na teoria. A ciência avança à medida que vai prevendo essas possíveis influências, de modo a tornar o seu produto menos falível. Isto é o caso das máquinas.
O mundo não é uma máquina! A sua ordem não exclui o acaso, não determinismo.
Aqui se apresenta um novo tema de discussão: a ausência do determinismo e a presença de uma finalidade! Trataremos disso mais adiante.

Sem comentários: