sexta-feira, 15 de junho de 2007

A Possibilidade da Ética

Informo que ainda estou a fazer o trabalho sobre a possibilidade da ética segundo Bernard Lonergan, enquanto aguardo a resposta da diretoria e do Professor Doutor Mendo, já enviei o requerimento ontem ao director da Faculdade, mencionando os pormenores.

Bem Haja a todos os Livres Pensadores, discípulos encantados de Bernard Lonergan que, acima de tudo comoveu-me tanto, apesar de ter dado ao torno no final do semestre.

Edgar Paulo Cadir

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Inteligência: Um estudo do conhecimento humano, 1957

Nos anos seguintes a 1949, Lonergan ocupou-se com a redacção de Inteligência: Um estudo do conhecimento humano, publicado em 1957. O livro tem 875 páginas na edição definitiva, da Universidade de Toronto; são muitos os que confessam nunca o ter lido por inteiro e poucos o leram completamente. É, de facto, um tratado filosófico que pretende levar a cabo uma integração dos conhecimentos humanos, tal como se apresentavam em meados do séc. XX, com uma soma e complexidade que ultrapassava em muito as situações epistemológicas racionalizadas por Platão e Leibniz.[1] O escopo da obra é imenso: «A auto apropriação da nossa auto-consciência intelectual e racional começa como teoria cognitiva, expande-se para uma metafísica e uma ética, e avança para uma concepção e uma afirmação de Deus, para ser finalmente confrontada com o problema do mal que exige a transformação da inteligência auto-confiante no intellectus quaerens fidem.»[2]. Se de facto cumpriu estes objectivos, Inteligência tornou-se a mais importante obra de filosofia do séc. XX, como aqui procurarei indicar, apontando muito sucintamente as cinco principais temáticas da obra: a relação entre conhecimento e realidade, conhecimento científico e cosmologia, a acção humana e a ética, as questões de interpretação, a relação entre natureza de Deus e filosofia.
[1] O modelo que usa de formação da personalidade baseia-se em psicólogos de vanguarda como Erik Erikson e Abraham Maslow.
[2] Epílogo

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Extracto da "Nota introdutória" do meu trabalho

É neste Ser que deseja conhecer desinteressadamente, que conhece apaixonadamente e que anseia naturalmente por ser conhecido[1] que o desenvolvimento se dá de forma consciente[2]; é nesta realidade que flui, que se adapta e se adequada[3] que o desenvolvimento se dá de forma inconsciente[4], mas de forma igualmente estruturante. Tudo caminha rumo à perfeição do seu Ser, no Homem de forma consciente, na natureza de forma inconsciente.
Por tudo isto, o pensamento de Bernard Lonergan é tão fascinante: apesar da diversidade dos assuntos tratados, que, para o comum dos pensadores actuais, ainda são antagónicos, impossíveis de conciliar, Lonergan encontra uma Unidade que flui ao longo de todo o seu pensamento.
Mas afinal o que é Desenvolvimento?

[1] Insight…
[2] Ibidem
[3] Ibidem
[4] Ibidem
[FALTA COMPLETAR AS CITAÇÕES]

terça-feira, 12 de junho de 2007

Darwin e a concepção de desenvolvimento. Extrato do meu trabalho

Charles Darwin (1809 – 1882), um dos expoentes máximos do Naturalismo, defendia que tudo o que existe é fruto de uma evolução a partir de um ancestral comum, que denominou de LUCA (Last Universal Common Ancestor), por meio de um processo de selecção natural e sexual. Ideias que ainda hoje sustentam e fundam a investigação e o conhecimento actual da Biologia.
A sua obra de referência, «On the Origin of Species by Means of Natural selection, or preservation of favoured races in the struggle for life», em português «A origem das espécies», publicada em 1859, em que Darwin sustenta as suas teses, como se perceberá, teve uma má recessão por parte da sociedade científica do seu tempo.O conceito de Evolução[1], para Darwin, não pode ser associado necessariamente ao de melhoria[2], é antes uma capacidade que os seres têm de se adaptarem face às condições do meio para não se extinguirem. Contudo, podemos afirmar que, segundo as circunstâncias, se se neutraliza a sua extinção, há uma melhoria pela conservação do Ser.

[1] “Darwin preteria o termo evolução em favor do termo descendência com modificação, pois não se sentia à vontade com a noção de progresso ou com a ideia de estruturas orgânicas «superiores» e «inferiores», uma vez que cada organismo se adapta bem ao seu meio ambiente como o homem ao seu.” – Artigo Marx, Darwin e o progresso, p. 4. Aqui será utilizado com esse sentido.
[2] Visão diferente tinha Marx, ele “não dissociava evolução de processo, pelo menos em termos de domínio crescente na história humana sobre as forças naturais…”. Artigo Marx, Darwin e o progresso, p.2.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Universo computável????

Para recusarmos liminarmente a possibilidade de todo o Universo ser computável, e, por arrasto, Deus poder ser considerado como um GRAAANDE computador temos que recorrer ao trabalho de Gödel. Gödel foi um matemático e lógico do século XX cujo trabalho acaba por abordar os limites da computabilidade, pelo menos nos moldes actuais. De facto, existem programas de computador que são facimente concebidos pelo nosso pensamento mas que não são computáveis.

Um exemplo fácil (é o exemplo referido num primeiro ano de Eng. Informática) é que não é possivel computar um programa que diga se um outro vai entrar em ciclo infinito. Se acrescentarmos a isto o facto de eu poder pensar neste programa, logo a minha consciencia é capaz de o conceber, vemos que os limites da computabilidade são mais restritos do que por vezes se pensa. Na verdade, existe na consciencia algum elemento que não é computável!

Mais informações sobre os fundamentos desta pequena observação.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Inteligencia Artificial Forte

Qual é a solução para o famoso problema mente-corpo? Será que para ela temos que utilizar uma solução de índole cartesiana, ou as substancias espirituias, e tudo aquilo que não é materialista não passa de uma mera ilusão?

Uma das posições materialistas mais vezes considerada como válida é aquilo a que se pode chamar de Inteligencia Artificial Forte (Strong Artificial Inteligence ou Strong AI), que passa no fundo por postular que um computador, se elevado à perfeição em termos de complexidade da máquina humana, e, correndo o programa certo, possuiria actos normalmente classificamos de mentais, tais como dor, prazer, crenças, etc.

A meu ver, tal visão é incorrecta, até porque nega a base de todo o agir humano: o tal Insight que Bernard Lonergan refere. Existe algo mais que permite aos humanos poder ter actos de intelecção, e esse algo não tem que ser necessariamente computável.

domingo, 3 de junho de 2007

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Protocolo da 13ª sessão

Participantes:

Prof. Doutor Mendo Castro Henriques

André Luís Gomes Martins

António Fernando Teixeira Cardoso

Bruno José Martins Domingos

Edgar Paulo Cadir

Fernando Manuel Marques Apolinário

Francisco Manuel Narciso

João Paulo Machado de Freitas

Martiniano Pedro Moutinho Rato

Paulo Alexandre Alves

Quintino Martins Trinchete

Ruben Dario Romero Ribeiro

A sessão iniciou-se com a leitura, discussão e correcção do protocolo relativo à sessão anterior. De seguida procedeu-se à continuação da leitura e análise do Epílogo da obra Insight de Bernard Lonergan.

Na parte que foi lida, Lonergan aborda qual pode ser o impacto da sua obra na teologia. Apesar de ser um teólogo, a obra Insight é escrita segundo a perspectiva do filósofo, sendo portanto uma obra de filosofia. Mas não é uma obra de filosofia que se isola num domínio concreto, como se construísse um sistema filosófico, mas sim uma obra que aborda aquilo que é o entendimento humano (daí o subtítulo).

Neste aspecto, Lonergan aponta três pontos principais sobre os quais a sua obra oferece contributos importantes:

1º ponto: A filosofia de Lonergan abre espaço para uma interpretação do dogma que não cai nos excessos dos fideístas que negam qualquer racionalidade na fé e que o acusam de ser frio, desprovido de caridade, nem nas críticas dos racionalistas que o acusam de ser irracional e infundamentado. Resta acrescentar que as criticas dos fideístas são muitas vezes causadas pelas contra-posições dos filósofos, como por exemplo Descartes, que fazem apelo a conceitos que são contra a experiência humana, como fazer depender a existência do pensamento humano: “Eu penso, logo existo”.

2º ponto: Em teologia, como no resto das ciências humanas, saber colocar correctamente um problema elimina per si uma série de falsas questões. É este um dos pontos que conduz a uma grande dificuldade na matemática: à preguiça que leva à pouca destreza dos alunos no cálculo junta-se a falta de eficácia em equacionar (colocar em equações) um problema. Neste domínio os povos orientais, como por exemplo a China e a Índia, têm um maior avanço, sendo a estes e não aos árabes, como muitas vezes se julga, que se deve atribuir muitos dos grandes avanços matemáticos, como, por exemplo, a “invenção” do número zero.

3º ponto: Há que saber colocar correctamente o lugar do mistério e, portanto, da própria fé. Já no concílio Vaticano I (1869-1870), se afirma que a fé é superior à razão (sessão III), embora não se negue que ambas são úteis para o conhecimento humano. Nas próprias palavras do concilio: “O sentimento perpétuo da Igreja católica defendeu também e defende que existe uma dupla ordem do conhecimento, distinta não só segundo o princípio mas também pelo seu objecto. Pelo seu principio, em primeiro lugar, porque numa conhecemos através da razão natural e na outra pela fé divina. Pelo seu objecto também porque, para além daquelas coisas que a razão natural pode alcançar, são-nos propostos para acreditarmos mistérios escondidos em Deus que, se não fossem divinamente revelados, não poderiam ser conhecidos” (DS §3015). Um dos reflexos desta relação fé-razão é o facto de, a partir daí, se começar a dar relevância ao estudo do texto bíblico para além da significação literal do mesmo, olhando, entre outras coisas, para o contexto em que o texto foi produzido.

De seguida, Lonergan faz uma importante distinção entre ser proporcionado e ser sobrenatural. Há aqui que fazer uma ressalva sobre o uso desta palavra, uma vez que o uso que Lonergan lhe dá foi caindo em desuso. Considerar que existe uma realidade que está para além da natureza é hoje uma distinção que não se utiliza. Ainda assim, o ser proporcionado à nossa consciência é abordado detalhadamente por Lonergan nos capítulos I – XVIII, ao passo que o ser não proporcionado (sobrenatural) é abordado nos dois últimos, sobre o nome de “Conhecimento Transcendental Geral” (General Transcendent Knowledge) e “Conhecimento Transcendental Especial” (Special Transcendent Knowledge). Um ponto que Lonergan frisa é que, dada esta distinção, o teólogo não necessita de explicar realidades de outros mundos para explicar a realidade do seu mundo. O teólogo não pode nunca reduzir as realidades da fé às do ser proporcionado. Explicar as realidades sobrenaturais como a Encarnação, a morada do Espírito Santo e a Visão Beatífica recorrendo a conceitos metafísicos proporcionados, sem manter a devida distinção e distanciação é um erro.

Como sabemos, Lonergan termina a obra Insight em 1957, antes da convocação do concílio Vaticano II (1959) e do seu período preparatório (1960). Podemos considerar que Lonergan é um dos teólogos que antecipa as ideias do Vaticano II, e dizer até que ele é o Filósofo do Vaticano II.

Foi ainda acrescentado, no final da sessão, que, ao longo do século XIX e XX, no esplendor da modernidade, a religião foi considerada irracional pelo senso comum, e a fé como sendo do âmbito do subjectivo e do pessoal. No entanto, antes da modernidade, até ao século XVII, pelo contrário, o facto da religião ser considerada como absoluta e até como indivisivel, provocou querelas e guerras religiosas. Desta forma, devemos considerar que, uma coisa é a doutrina da Igreja, que sempre proclamou a ligação entre fé e razão e outra coisa é o impacto social desta ligação, que varia com o ambiente cultural de cada época. Lonergan defende que todo o conhecimento humano se articula com a fé, não tendo por isso uma posição apologética. Termino com uma citação da encíclica Fides et Ratio de João Paulo II: “Uma filosofia que se desenvolve de harmonia com a fé, aceitando o estímulo das exigências teológicas, faz parte daquela «evangelização da cultura» que Paulo VI propôs como um dos objectivos fundamentais da evangelização. Pensando na Nova Evangelização, cuja urgência não me canso de recordar, faço apelo aos filósofos para que saibam aprofundar aquelas dimensões de verdade, bem e beleza, a que dá acesso a palavra de Deus” (Fides et Ratio §103).

Paulo Alexandre Alves