segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O "conhecido desconhecido"

A quarta grande unidade temática do livro Inteligência arranca do que Lonergan designa como o ‘conhecido desconhecido’. Se Descartes pediu à filosofia um método rigoroso, Hegel exigiu-lhe que explicasse não só a posição própria como a existência de posições contrárias. O elemento a priori da análise cognitiva deve ser completado pelo elemento a posteriori dos dados históricos. Como as questões são em número superior às respostas encontradas, “sabemos que não sabemos”. Como a mente humana tem facetas emotivas, o desconhecido aparecerá estranho e misterioso em oposição ao familiar e previsível. É o domínio do mistério e do mito de que se ocupam a história da cultura e a religião.[1]
O problema da interpretação reside em compreender, de modo objectivo, a significação das palavras, e acções, em qualquer tempo e lugar, e como sendo uma expressão das fases da evolução do conhecimento humano de si e do mundo. O objectivo de qualquer interpretação é comunicar o acto de consciência principal do dado interpretado. Ora isso depende do autor, do intérprete e da audiência e exige uma interpretação reflexiva. A interpretação reflexiva atende ao contexto mas tem de contar com que as audiências variam com a cultura e o desenvolvimento intelectual. Existe um sentido histórico como existe um sentido comum para o nosso tempo e espaço. Mas o sentido ou experiência histórica também é susceptível de adulterações. Por isso, é preciso um método para conceber o desenvolvimento das audiências e uma técnica de expressão que escape à relatividade.
[1] Insight, p.554-571

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Eternamente me interrogarei!

Talvez sou do tipo que mais se interroga da sua própria razão de existir. De facto nada me impede de tal acto ou hábito. Sei que, na verdade, existe muita coisa ainda por aprender, e no peito pesa-me o mundo todo. Sinto nas costas o peso dos oceanos ao saber que todo o saber humano é passageiro, e por vezes me interrogo: Porque será que a ciência não é perfeita? E, lá do fundo, surge-me outra interrogação: Porque será que existem tantos termos para designar o Criador do Universo? Porque será que o homem não é perfeito aos olhos Desse Criador? Muitos divergem nas opiniões quanto ao conhecimento do Criador, outros divergem na perspectiva de olhar a condição humana de pecado,portanto, causada pela imperfeição do ser humano em si. Outros afirmam e lutam para alcançar a perfeição. Ora, vejamos, se o Criador é Todo-Omniponte, Sumamente Omnisciente, não será que tenha querido criar o homem na sua imperfeição? Porquê será que nos preocupamos tanto a procura da perfeição em vez da excelência?
Ora, se cada homem pensasse que seria capaz de alcaçar a perfeição aos olhos dos homens, de certeza que não-o seria aos olhos de Deus! E, se for o caso, não será que esta é a forma perfeita que Deus achou alguma vez atribuir aos seres criados por Si?
Não pretendo aqui pregar alguma heresia, nem jamais blasfémia, e muito menos uma nova ceita, apenas quero deixar a todos um desejo de ver as coisas de maneira positiva, sem nunca cair na teologia positiva.
Daqui surgem no fundo, questões como a não comunhão das religiões do mundo, pois cada uma quer afirmar-se melhor em deterimento da outra, agindo como aquela que mais de perfeito tem a imagem de Deus, como se as outars fossem meras assembleias de esquizofrénicos. No fundo disto venho colocar a possibilidade de cada um olhar o passado termo religião, no sentido de perceber como elas surgiram, não tendo uma visão polarizada ou dicotomizada, mas o sentido inicial do termo religião aparece como resposta à aquele ser humano que nos seus primórdios foi semnpre um ser com necessidade do espiritual (a busca do transcendente).E daí tirar partido não das suas concepções, mas daquilo que é a verdade, esta verdade que guia num bom sentido, e verá que nunca mais pegará em arma alguma para combater seja lá a quem for. Pois o transcendente requer não o desejo de vingança, o desejo de reconciliação e de amizade entre os homens.
Por enquanto termino por aqui o meu pensamento, ainda que confuso, mas acho que dá para despertar alguma coisa da nossa consciência.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Fé e Insight

Gostaria de assinalar como ultimamente, nomeadamente no seminário que estou a fazer este semestre com o professor Domingos Terra se tem falado de como a fé passa também por este click, ou seja, pelo insight. Foi pelo Insight de Cristo como o Ressuscitado que todos os apóstolos tiveram que passar. Por exemplo, São Tomé, na famosa passagem em que pede para ver, para depois crer, faz a sua confissão de fé (Meu senhor e meu Deus) depois de ver que todos os dados da realidade lhe apontavam para que Cristo tinha ressuscitado. no entanto, sem este Insight, tomé poderia ter ficado pelo facto de Cristo não ter, por exemplo, sequer chegado a morrer. o mesmo se passa com os milagres, em que nem todos os que presenciavam os mesmos factos (as curas, por exemplo) terem visto a Jesus como o messias. Para que o ser humano possa alcnçar este insight na sua plenitude é sempre necessário uma conversão. Para Lonergan, esta conversão é sempre tripla, a saber: intelectual, moral e religiosa.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

A perspectiva universal

Do Epílogo de Inteligência,de Bernard Lonergan

Finalmente, embora exista uma metafísica latente comum a todas as mentes, também é comum uma interferência variável com o funcionamento apropriado do desejo puro de conhecer e, consequentemente, também é comum uma distorção da metafísica latente. A philosophia perennis está ladeada por contrafilosofias mais menos perenes. Tal como o desejo imparcial, desinteressado e irrestrito de conhecer é uma constante, também o são os princípios que interferem com o seu desdobramento. Por muito que as posições e as contraposições estejam em choque, uma análise dialéctica baseada numa teoria cognitiva suficientemente exacta pode conduzir a uma perspectiva universal que abranja simultaneamente (1) as posições na fase actual do seu desenvolvimento, (2) as posições em cada fase prévia do seu desenvolvimento, e (3) sucessivas contraposições do passado e do presente com as respectivas incoerências essenciais e a reivindicação que devem ser captadas de modo inteligente e afirmadas razoavelmente.
Em resumo, os conceitos mudam na medida em que as coisas mudam, na medida em que a compreensão humana se desenvolve, e na medida em que esse desenvolvimento é formulado de modo coerente ou incoerente. Mas por detrás de cada mudança, há uma unidade subjacente, e essa unidade pode ser formulada explicitamente ao nível da antecipação heurística ou do método conscientemente adoptado ou de uma metafísica dialéctica. Segue-se que as mudanças na conceitualização não implicam qualquer multiplicidade derradeira e que, por detrás da variação conceptual, existe uma constante conceptual que pode ser formulada numa perspectiva universal.
Finalmente, enquanto a noção da perspectiva universal foi trabalhada ao nível de uma metafísica dialéctica do ser proporcional, deve-se ter presente que recebe determinações adicionais nos nossos capítulos finais sobre o conhecimento transcendente. O conhecimento geral transcendente refere-se à condição final da possibilidade das posições, e o conhecimento transcendente especial refere-se à condição de facto da possibilidade de fidelidade humana às posições.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Milagres, factos históricos?

Em primeiro lugar gostaria depedir perdão por não ter tido nehuma contribuição ultimamente, mas não tenho tido acesso à internet.

Tal não significa que o meu estudo de Lonergan tenha parado, tendo agora começado a leitura de outra obra do autor, que faz um pouco a ponte entre a filsofia da consciência presente em Insight e a Teologia, que é, queiramos ou não, o ponto fundamental do nosso curso. Falo obviamente de Method in Theology, onde Lonergan aplica os preceitos transcendentais da consicência, a saber, sê atento, sê inteligente, sê razoável, sê responsável, para estabelecer um método, designado também ele de transcendental. De seguida concretiza este método transcendental nas várias disciplinas, ou especialidades funcionais (functional specialities) da teologia.

O breve apontamento que gostaria de deixar hoje prende-se com o estudo dos milagres como facto histórico. Para o autor canadiano, a história não pode ser feita sem levar em linha de conta os próprios historiadores. É um mito falar da história como simples apresentação de factos que falam por si mesmos, sem levar em linha de conta que esses factos são selecionados por um historiador dentro dos que estão disponíveis, ou seja, dos que constituem a totalidade da História (entendida como a vivência concreta de cada um dos seres humanos em todos os lugares e instantes temporais).

Posto isto, para um historiador dar um facto como credível, o único instrumento de julgamento que ele tem à mão é a sua própria consciência. Se o historiador não for crente, então os milagres não passam de uma alucinação colectiva, pois é para ele mais fácil admitir que todas as pessoas que testemunharam, por exemplo, o milagre de Fátima, estavam de algum modo "alteradas" (self-deceived), do que admitir a possibilidade da existência de milagres. Tal mudança de atitude requeriria por parte do historiador uma conversão radical que ultrapassa em larga medida o exercício da sua actividade.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Portugal de ontem ou de hoje?


«Só um grande povo, com grandes ideais,

Coloca no céu o limite das suas aspirações.

O desejo de descobrir, de conhecer é tipicamente português.


O Português tem o céu no coração

As mãos criadoras na terra

Enchendo-a com o suor do seu trabalho

E tem os olhos no mar

No qual, um dia pensou poder conquistar o céu.


Por ele lutou,

mostrando que ser português

É ser um guerreiro sonhador em busca do limite

Que quer conquistar,

Para o fazer seu e de quantos por ele lutaram.»