sábado, 3 de março de 2007

Todos contra Todos? ou contra O Ser Primeiro?

Nos dias actuais deparamo-nos com uma série enorme de intranquilidades. O homem que, procurando conhecer-se a si mesmo, se encontra nesta encruzilhada de princípios que o levam a escapulir-se nesta imensidão de desejos; ora por anseio das suas próprias vontades quer por uma coação, já não está nesta visão cartesiana, enquanto animal dotado de razão, pouco menos nesta dimensão platónica do logos como tal. Ele procura no vazio achar a razão do seu proceder, procurando, a todo o custo, remendar o seu próprio EGO. Ora guerreia sem principio nem causa contra todos e tudo, ora lamenta-se de ser tão frágil contra tudo e menos nada. Diz ser consciente da sua própria consciencia, mas dele sobresai apenas o abismo implacável, como se a sua Arkhé tivesse sido para tal codificada pela razão última de todas as coisas, como se aquela Inteligência das Inteligências o tivesse transmitido esse alelo desde a sua génese.
No certo é que este Ser racional não é jamais racional, é apenas um ser que atinge alguma racionalidade mas nunca se identifica com ela, entenda-se! Quer, ao mesmo tempo ser o divino, mas também pede o amparo do divino, como que com a ajuda do divino quer alcançar essa divindade para, finalmente retirá-la do seu espaço. O homem joga, na sua dimensão mortal, com os seres que-o transcendem, tenta compreedê-los a todo o suor e, no horizonte desse seu ethos já se manifesta não como ser da polis, mas como selvagem elevado, ele quer ser e ser mais superando a sua causa Última. Está soterrado na busca e renegação permanente e contraditória do seu próprio existir. Procura-se a si próprio sem nunca encontrar-se, quer ter Robôs pela clonagem para o substituir na vida, ao mesmo tempo que sente-se sufocado por isso; decide então reduzir-se a sí próprio recorrendo ao "BabyStop!"(quer aniquilar a sua própria espécie a todo o custo, quer pelas constantes guerras, quer pelos abortos, ou até mesmo recorrendo a eutanásia). No final do seu desejo de glória, que se moveu neste eros pela divindade, encontra-se reduzido a uma relação bilateral com um seu semelhante, o canino. Este último, cada vez mais hominizado, se encontra nesta posição divinizada perante todos os outros mamíferos. Parece que seria essa a posição desejada do homem perante a Razão Última de todas as coisas!(...)

1 comentário:

mch disse...

O que aqui está descrito teve váriaS ETIQUETAS na historia da Filsoifa. Segundo Platão é a polypragmosyne, oa fã de acção que se opoe à dikayosune ( a justiça). Segundo PAscal é o Divertissement , amarcha dos desejos com que se afasta a presença da razão. Assim, não é uma atitude moderna nem antiga nem contemporânea, mas uma possibilidade ( ou tentação) permanente da existência humana. Resta saber como cresceu esta atitude (anti-cristã, desde que existe Cristianismo) No essencial a resposta está no Gnosticismo, na ânsia humana de se igular a Deus.