UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
FACULDADE DE TEOLOGIA
Seminário de Filosofia da Consciência
Protocolo da 2ª Sessão
1. Foi lido e sujeito a alguma discussão o Protocolo relativo à sessão anterior, o que levou a algumas correcções e a uma melhor precisão do que deva ser o conteúdo de tal instrumento de trabalho. Nomeadamente o Prof. deixou sobre este assunto duas afirmações: o protocolo não tem que ser impessoal; tem que aprofundar e clarificar os temas que foram tratados.
Sobre a ideia de desenvolvimento, concretizando o que já havia sido dito na 1ª sessão, foi referido ser ela ontológica, isto é, uma característica de toda a realidade. As considerações sobre o desenvolvimento da pessoa humana, das sociedades, etc… são fundamentais para o conhecimento da realidade.
Ainda neste primeiro momento da sessão, foram prestadas informações sobre o Blog criado especificamente para ser um eco do Seminário (HTP://filosofiaconsciente.blogspt.com) e foram fornecidas instruções de acesso ao mesmo. Foi solicitado por todos os participantes que respondessem ao convite do administrador do Blog, Paulo Alves, para fazerem a inscrição com uma conta G-mail (alves.trabalho@gmail.com).
E a propósito desta matéria, a das comunicações, o Prof. falou sobre a invenção da Internet e das concretas circunstâncias em que foi inventada, informando também que foi Tim Berners-Lee, membro de uma pequena instituição religiosa cristã inglesa, um engenheiro então a trabalhar no Centro de Estudos Nucleares, na Suíça, quem desenvolveu as concepções que permitiram a invenção.
Ficou dito que a próxima sessão teria por objecto o “Epílogo” da obra de Bernard Lonergan seleccionada como texto base do Seminário, do qual foram disponibilizadas fotocópias.
2. Entramos depois no tema a que o Prof. chamou Configurações da Consciência, desenvolvido a partir de um dos gráficos previamente distribuídos, que nos levou até ao final da sessão.
E, então, foi referido que a consciência se pode manifestar, e em regra se manifesta, em diversos níveis ou patamares.
Desde logo, e como primeiro patamar, o biológico. É certo que em regra as nossas diferentes actividades biológicas se processam inconscientemente. Mas não tem que ser assim, e não é sempre assim. Podemos concentrar a nossa atenção consciente, nomeadamente, no nosso ritmo cardíaco, numa actividade física que estejamos a desenvolver, etc…
De seguida, e num segundo patamar, a consciência manifesta-se esteticamente. O ser humano tem carências vitais, tal como os demais animais, alimentar-se, agasalhar-se, relacionar-se sexualmente, etc... que tem de suprir. Mas o Homem confere à satisfação das suas carências conteúdos e significados estéticos: prepara os seus alimentos, serve-os e consome-os buscando não só os melhores sabor e proveito, mas também uma apresentação e configuração estéticas, de pura forma; para se agasalhar não lhe basta vestir-se e calçar-se, sendo também necessário que o faça desta ou daquela maneira, mais agradáveis ao gosto, quantas vezes procurando a afirmação social pelo que veste e como se veste; etc…
Novo, ou simplesmente outro, o terceiro patamar, a manifestação ética ou moral da consciência. O Homem age segundo valores, estabelece preferências e prioridades no seu agir, tudo compatibilizando com as acções dos demais. É este, sem dúvida, um nível relevantíssimo da manifestação da consciência.
Kierkegaard dedicou à consciência alguns dos seus estudos. Considerava a consciência numa tripla perspectiva: estética, moral e religiosa. Pensava que o homem, cada homem, querendo viver bem com o mundo age esteticamente; para viver bem consigo mesmo actua eticamente; para viver bem com Deus pratica a religião.
E com esta referência a Kierkegaard fomos lançados para um quarto nível de manifestação da consciência: a consciência religiosa.
Ser religioso é eleger de todas as realidades aquela que é a mais importante e darmo-nos devocionalmente à realidade eleita. É a consciência a manifestar-se em direcção ao transcendente.
Outro patamar ainda, o quinto, é a manifestação intelectual da consciência. Não há realidade sem consciência da realidade. O conhecimento ilumina a realidade; o conhecimento é luz que penetra as trevas. O conhecimento não transforma a realidade: revela-a. Conhecimento é linguagem, é sentido, é Logos.
Consideramos, finalmente, um último patamar – o sexto – a manifestação dramática da consciência, o estabelecimento de relações com outras consciências. Dramático não significa terrível: aqui significa acção. Se a acção tem um final feliz, eis a comédia; se acaba mal é tragédia; nem a fatalidade trágica, nem a comédia anestesiante; apenas a trama relacional das consciências no autêntico drama que é a vida. Também a cruz é drama: não é comédia; não é tragédia.
Lisboa, 27 de Fevereiro de 2007
Os participantes
(Por Francisco Narciso)
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