quinta-feira, 15 de março de 2007

Prefácio

Embora o estilo de Lonergan seja adequado ao seu método e conteúdo a sua obscuridade não tem a aura das escolas analíticas e existencialistas. Os cientistas vêem-se confrontados com informações e dados soltos, e têm de descobrir por um acto intelectual as coerências entre esses dados num todo inteligível. Desde Kant tem sido habitual atribuir à mente humana essa ordem inteligível e negar que ela exista na realidade antes da imposição de um quadro conceptual no processo de compreensão. Mas segundo Aquinas, Aristóteles e Lonergan, os fenómenos que experimentamos e a ordem inteligível em que estão inseridos, são aspectos do mundo objectivo e real, que existiriam mesmo sem seres conscientes.
Os actos da consciência são familiares. A experiência dá-nos peças soltas de informação. O entendimento capta uma unidade e o juízo afirmado a validade da teoria, ou que ocorre o caso, e conhecemos a realidade. Cada modo de falar tem a sua validade. O senso comum trata das relações das coisas connosco. A ciência trata das relações inteligíveis das coisas entre si. Empirismo e materialismo supõem - mal - que apenas a experiência nos faz contactar com o mundo real. O conhecimento real do mundo seria apenas olhar, e não inquirir por questões com o entendimento e responder com juízos ou actos de razão.

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