segunda-feira, 5 de março de 2007

Protocolo da 3ª Sessão

Universidade Católica Portuguesa

Faculdade de Teologia

Seminário de Filosofia da Consciência, segundo Bernard Lonergan

Protocolo da 3ª Sessão,

Participantes:

- …

A sessão iniciou-se com a leitura e análise do protocolo da sessão anterior, sendo este, depois de algumas observações e correcções, aprovado por todos os membros deste Seminário. Devido a algumas questões levantadas, no referido protocolo, acerca do Blog (www.filosofiaconsciente.blogspot.com), o Professor incentivou à participação de todos no mesmo. Ficou dito que os elementos deste Seminário também serão colocados no Blog para facilitar a elaboração da lista de presenças de cada sessão. Ficou definido que os protocolos de cada sessão também devem ser colocados on-line na segunda-feira anterior à sua leitura, para que possa, antecipadamente, ser corrigido por cada participante do Seminário. Neste contexto de Inter-comunicações, foi novamente referida a actual importância da Internet.

Estava programado para esta sessão a análise e estudo do Epílogo, em Português, da obra Insight de Bernard Lonergan, mas, devido à falta de material da maioria dos participantes, foram fotocopiadas as três primeiras páginas, para uma análise imediata na sessão. Enquanto se realizava este processo, o Professor avançou com um comentário e análise ao último capítulo da obra acima referida.

Neste último capítulo, Bernard Lonergan faz uma recapitulação da obra, chamando a atenção para cinco temas tratados.

1. Relação entre conhecimento e realidade, ou seja, entre uma Filosofia do Conhecimento ou teoria cognitiva e uma Filosofia da Consciência. Influenciado pela Filosofia Moderna, Bernard Lonergan também parte do conhecimento unindo-o ao estudo da consciência como meios para alcançar o Ser. A filosofia de Bernard Lonergan é, deste modo, um permanente diálogo com o saber antigo (quanto à busca do Ser) e o conhecimento moderno. É isto que torna a sua filosofia atraente: é uma nova construção, uma novidade.

As filosofias modernas definem vários tipos de conhecimento: conhecimento do senso comum, conhecimento científico; conhecimento teórico, que não está preso a um método; ou conhecimento filosófico. Lonergan faz a análise de todos eles, pois todos têm em comum a Intelecção. Mas o que é a Intelecção para Lonergan? É a capacidade do Ser atento e razoável de experimentar o fenómeno da realidade, ajuizar o alcance dessa realidade e extrair dela uma responsabilidade.

2. Relação entre a ciência humana ou exacta e a cosmologia. Esta distinção que é feita não é decisiva, pois há uma continuidade: a estrutura do conhecimento científico reflecte a estrutura do cosmos. Lonergan concebe a Teoria da Probabilidade Emergente das Ciências, como se constatou pela visualização de um gráfico dado anteriormente pelo professor e agora explicado. Está aqui patente uma “ideia de escada” em que cada ciência analisa aquilo que lhe é possível pelo método que utiliza; quando não consegue, dá lugar a uma outra ciência. No início deste processo está a matemática: é ela que cria a linguagem que será utilizada e aplicada pelas ciências exactas. No fim do processo está a Filosofia (e no fim desta está Jesus Cristo) que nos permite falar quer das ciências quer do cosmos: estão sempre a surgir novos elementos que têm de ser tratados a outros níveis.

3. Questões da acção humana, isto é, quando dentro do cosmos identificamos o Ser Humano, que se caracteriza pela Liberdade, pela Razão, deparamo-nos também com a existência do mal. Mal físico, que vem do exterior, e que o homem tenta suprimir com os remédios e o mal moral, interno, referente à relação humana. Este último, para Lonergan, é misterioso na sua origem e também não há uma cura completamente racional para ele. É aqui que a Filosofia cede à Teologia, a Razão dá lugar à Fé, temas que serão, respectivamente, o quarto e quinto tratados por Lonergan. Anteriormente há um problema de Interpretação. Nós queremos comunicar para compreender os actos da nossa consciência. A nossa consciência quer ser reconhecida, e só o pode ser no contacto com outras consciências; é aquilo que Bernard Lonergan denomina de Manifestação Dramática da Consciência.

4. Deus e a Filosofia – a questão que aqui se coloca é como é que a consciência racional da realidade e da ética ascende até à concepção de Deus, respeitando a Liberdade do Homem, para se confrontar com a existência do mal que exige a passagem da Razão à fé, da inteligência auto-confiante em intellectus quarens fidem.

O entendimento humano está num perpétuo desenvolvimento, pois o desejo humano de conhecer nunca é satisfeito. A consciência, o compreender que é compreendido, que é espiritual, apesar de partir de dados particulares da percepção para elaborar leis universais, não pode ser condicionada pela experiência sensorial. É o entendimento que unifica o agregado de sensações que recebe do exterior. É a reflexão crítica que se interroga quanto à correspondência dos dados da experiência com a lei que se pretende afirmar, e se essa correspondência é decisiva para se poder afirmar essa lei como universal até ser provado algo em contrário. A existência de Deus não se verifica na experiência, mas na conclusão de um argumento que, apesar de poder ser refutado, é, no momento actual, o máximo de perfeição do entendimento humano. Então, se o real é, no fundo, inteligível, Deus existe. Como o real é, Deus existe!

Lonergan apresenta três tipos de causas externas na origem do real: eficiente, final e exemplar, que nos levam até Deus. Criador porque faz sair do nada. Causa do mundo porque o mundo depende dele. A existência de Deus e do que existe são inteligíveis. E isso é possível porque existe o acto ilimitado de inteligibilidade.

5. Fé e Razão relacionadas com o problema da existência do mal e a incapacidade de ser superado apenas pela Razão.

Estes dois últimos temas foram apenas aludidos pelo professor, não tendo para este último, material necessário para uma boa apreciação.

Já no final da sessão, ficou programado que, na próxima sessão, se procederá à análise do epílogo da Obra Insight.

Lisboa, 28 de Fevereiro de 2007

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