terça-feira, 10 de julho de 2007

Extrato Do Trabalho sobre a possibilidade da Ética

A POSSIBILIDADE DA ÉTICA SEGUNDO BERNARD LONERGAN
No presente trabalho iremos falar da possibilidade da ética segundo Bernard Lonergan. Sendo assim, seguiremos o seguinte esquema: A Noção De Bem, A Noção De Liberdade e O Problema Da Libertação. No capítulo sobre a Noção do bem iremos falar dos níveis de bem, a noção da vontade, a noção de vontade, a noção de valor, o método da ética e a ontologia do bem. Em relação a noção de Liberdade falaremos do significado dos resíduos estatísticos, o fluxo sensitivo subjacente, a intelecção prática, a reflexão prática, a decisão e a liberdade. E , no que respeita ao problema da Libertação, falaremos da liberdade essencial e efectiva, as condições da liberdade efectiva, as possíveis condições da sátira e do humor, a importância moral e o problema da libertação.
No sentido geral, ética, é uma disciplina filosófica que procura determinar a finalidade da vida humana e os meios de a alcançar, preconizando juízos de valor que permitem distinguir entre o bem e o mal. Por outro lado, entende-se por ética aos princípios morais por que um indivíduo rege a sua conduta pessoal ou profissional. Também designa-se por ética ao código deontológico, a moral e como sendo a ciência da moral. O termo provém do grego: ethiké [ o equivalente a epistéme], com o significado de ciência relativa aos costumes, e do latim ethica, no mesmo sentido grego.
1. A NOÇÃO DE BEM
No sentido geral, o conceito de bem designa tudo aquilo que é conveniente, de modo agradável e que é socialmente irrepreensível. Designa tudo o que é justo, lícito, aquilo que é valioso segundo a moral. Também designa posses, aquilo que é útil para um determinado fim. Em Kant, o bem é a união da felicidade e da virtude; assim o bem absoluto é a boa vontade.
Segundo Bernard Lonergan, o ser é inteligente e uno, e por isso mesmo é também bom. Mas enquanto a inteligibilidade e a unidade do ser resultam, espontaneamente, de que o ser é tudo o que se capta inteligivelmente e se afirma razoavelmente, a bondade do ser apenas se esclarece ao considerar-se a extensão da actividade intelectual que denominamos a deliberação e decisão, a escolha, e vontade.
1.1 Níveis de Bem
Numa primeira fase, o bem surge como objecto do desejo; ao alcançar-se, experimenta-se como prazer, alegria, satisfação. Mas o homem experimenta tanto a aversão como o desejo, a dor e o prazer; nesta fase primária e empírica o bem está em união com o seu oposto, o mal.
O desejo de saber torna-se o único dos desejos humanos que é desprendido, desinteressado e irreprimível, possui a sua satisfação. O desejo de saber vai além do prazer na própria intelecção para a subsequente questão de saber se a própria intelecção está correcta. Através deste desejo e do conhecimento que gera, emerge um segundo sentido de bem. Para além do bem que é puro objecto de desejo, há um bem de ordem. Tal é a comunidade política, a economia, a família como instituição.
O bem de ordem é dinâmico, não apenas no sentido de ordenar a revelação dinâmica de desejos e aversões, mas também no sentido em que é sistema em movimento. Possui a sua própria linha normativa de desenvolvimento, na medida em que os elementos da ideia de ordem são captados pela intelecção em situações concretas, são formulados em proposições, são aceites por concordância explicitas ou tácitas, e são executados apenas para alterar a situação e para originar novas intelecções.
O desenvolvimento social seria uma simples questão de desenvolvimento intelectual, caso a psykhé humana para ela não contribuísse; mas a natureza sensível do homem constitui os materiais dinâmicos a ordenar, e as condições subjectivas sob as quais a ordem é descoberta, comunicada, aceite e executada. É assim que a ordem social descobre nos desejos e aversões dos indivíduos e na intersubjectividade dos grupos um enormíssimo e poderoso aliado e uma permanente fonte de egoísmo e desvio de classe. O desvio não só constitui uma mudança na via principal de desenvolvimento como também origina as vias secundárias nas quais a humanidade se empenha em elaborar movimentos, a fim de se proteger contra os efeitos dos desvios anteriores, para corrigir os opositores e, no caso ideal, para atacar o desvio na raiz. Todavia, a preocupação com esta ideia implica uma transposição desta questão ao nível das polícias e dos tribunais, da diplomacia e da guerra, para o nível da cultura e da moralidade. Numa perspectiva de longo prazo, o senso comum não está `a altura deste desafio, visto que, além das aberrações individuais e grupais, está sujeito a um desvio geral contra as grandes preocupações e as últimas consequências.
Isto traz-nos ao terceiro aspecto do bem, que é o valor. O bem da ordem liga-se também a deliberação e escolha, além das numerosas manifestações de aversões e desejos. Assim, segundo Bernard Lonergan, individualismo e socialismo não são nem comida nem bebida, nem roupas nem abrigo, nem saúde nem riqueza. São construções da inteligência humana, sistemas para ordenar a satisfação dos desejos humanos. A humanidade pode optar por um sistema e rejeitar outros. Nisso, manifesta-se a inteligência humana não apenas como teórica mas também como prática, que está sempre à procura de discernir as possibilidades que revelam as coisas tal como possam ser. Porém, essas possibilidades são múltiplas. Deste modo, a capacidade inventiva da inteligência prática assegura resultados práticos apenas se houver a conjugação de potência, forma e acto de vontade, boa vontade e desejo, com função de seleccionar possibilidades de entre várias e, através dessa decisão e escolha, iniciar e fundamentar a transição de concepção intelectual de uma ordem possível para a realização concreta.
1.2 A Noção de Vontade
Em relação a noção de vontade, Bernard Lonergan diz que é o apetite intelectual ou espiritual: «will, then, is intellectual or spiritual appetite»
1.3 A Noção de Valor
1.4 O Método da Ética
1.5 A Ontologia do Bem

2. A NOÇÃO DE LIBERDADE
2.1 O Significado dos Resíduos Estatísticos
2.2 O Fluxo Sensitivo Subjacente
2.3 A Intelecção Prática
2.4 A Reflexão Prática
2.5 A Decisão
2.6 Liberdade
3. O PROBLEMA DA LIBERTAÇÃO
3.1 A Liberdade Essencial e Efectiva
3.2 As Condições da Liberdade Efectiva
3.3 As Possíveis Funções da Sátira e do Humor
3.4 Importância Moral
3.5 O Problema da Libertação

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