A quarta grande unidade temática do livro Inteligência arranca do que Lonergan designa como o ‘conhecido desconhecido’. Se Descartes pediu à filosofia um método rigoroso, Hegel exigiu-lhe que explicasse não só a posição própria como a existência de posições contrárias. O elemento a priori da análise cognitiva deve ser completado pelo elemento a posteriori dos dados históricos. Como as questões são em número superior às respostas encontradas, “sabemos que não sabemos”. Como a mente humana tem facetas emotivas, o desconhecido aparecerá estranho e misterioso em oposição ao familiar e previsível. É o domínio do mistério e do mito de que se ocupam a história da cultura e a religião.[1]
O problema da interpretação reside em compreender, de modo objectivo, a significação das palavras, e acções, em qualquer tempo e lugar, e como sendo uma expressão das fases da evolução do conhecimento humano de si e do mundo. O objectivo de qualquer interpretação é comunicar o acto de consciência principal do dado interpretado. Ora isso depende do autor, do intérprete e da audiência e exige uma interpretação reflexiva. A interpretação reflexiva atende ao contexto mas tem de contar com que as audiências variam com a cultura e o desenvolvimento intelectual. Existe um sentido histórico como existe um sentido comum para o nosso tempo e espaço. Mas o sentido ou experiência histórica também é susceptível de adulterações. Por isso, é preciso um método para conceber o desenvolvimento das audiências e uma técnica de expressão que escape à relatividade.
[1] Insight, p.554-571
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
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